Fim de moratória de pesca ameaça boto-rosa da Amazônia, diz bióloga: Aposentadoria Especial Blog Explica: Por Bruno Kelly RESERVA MAMIRAUA, Amazonas (Reuters) – O boto da Amazônia é um mamífero inteligente e amistoso que parece sorrir e se ruborizar como um
Fim de moratória de pesca ameaça boto-rosa da Amazônia, diz bióloga
Por Bruno Kelly
RESERVA MAMIRAUA, Amazonas (Reuters) – O boto da Amazônia é um mamífero inteligente e amistoso que parece sorrir e se ruborizar como um humano quando se entusiasma.
Mas há quem tema que o maior golfinho de água doce do mundo esteja ameaçado novamente no Brasil, onde pescadores o caçam e matam ilegalmente para usá-lo de isca para o peixe piracatinga.
Uma moratória legal à pesca da piracatinga terminou no mês passado, o que levou ambientalistas e pesquisadores a pedirem sua renovação – como a bióloga Vera da Silva, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que trabalha para preservar os botos há 25 anos.
“Eu até hoje não canso, eu sou encantada cada dia por esses animais. São animais fascinantes”, disse Vera enquanto sua equipe usava uma rede para colher botos a serem examinados, medidos, marcados e soltos novamente na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá.
“Hoje nós capturamos esses animais e a gente ficou ouvindo a mãe chamando o filhote e o filhote chamando pela mãe numa relação super forte que existe até que ele se torne independente, depois de 2 ou 3 anos de vida”, contou.
Como outros golfinhos, eles emitem sons semelhantes a assobios através de respiradouros para se comunicarem debaixo da água.
O que os diferencia é uma transformação lenta do cinza para o rosa à medida que envelhecem. O comportamento e a exposição à luz solar também influenciam as mudanças de cor dos botos. Eles podem ficar rosa choque como um flamingo.
Por serem ativos na corte e no acasalamento, eles deram origem a uma lenda amazônica segundo a qual o boto se transforma em um belo homem à noite para seduzir as mulheres do vilarejo.
A reserva Mamirauá, administrada pelo Ibama, se estende por 11 mil quilômetros quadrados de floresta tropical alagada e pântanos e fica a três dias de barco de Manaus, capital do Amazonas.
Com os bicos compridos atados cuidadosamente, os botos são levados a um centro de pesquisa flutuante na reserva, onde membros da equipe de Vera da Silva retiram amostras de sangue e usam uma seringa para tirar leite das mães golfinhos para fazer testes.
Embora eles sejam relativamente abundantes, e encontrados nas vastas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, Vera teme que os botos amazônicos desapareçam, como aconteceu com o boto chinês de Yangtzé em 2006 depois de anos de pesca predatória e poluição.
“Não queremos que os botos se tornem só uma lenda aqui da Amazônia”, disse ela.
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